Os jogos com cenas de lutas e armas podem gerar um comportamento agressivo nas crianças?

Geralmente os jogos tem como protagonista um marginal. A criança tem que conduzir o seu "herói-marginal" através de desafios sucessivos que o levam a realizar os "objetivos", superando as etapas (missões), que envolvem mortes, atropelamentos, roubos. Não falta sangue espirrando para todos os lados.

Que impacto tudo isso tem no Psiquismo da criança?

Por volta dos 5 anos de idade, a criança vive processos intensos que têm a função de fixar determinados modelos com os quais ela passa a se identificar e a partir dos quais acaba moldando sua personalidade e seu comportamento. Se até então os pais eram os principais alvos dos processos de identificação, depois dos 4, 5 anos a criança intensifica suas relações com o mundo extra-familiar e passa a assimilar outros modelos - FASE DE LATÊNCIA (saiba mais sobre o desenvolvimento psicossexual da criança).

O mundo até então bastante restrito à criança, passa a ser ampliado e, a inclusão de novas relações, com colegas da escola, amigos e, naturalmente, com os "heróis" dos jogos.

Esses "heróis" dos jogos geralmente são dotados de poderes extraordinários, que possibilitam enfrentar inimigos poderosos e situações que beiram o impossível. É evidente que, tudo isso trás à criança a uma sensação de onipotência. Não existem barreiras que não possam ser superadas. E ainda, em virtude do jogo de game ser a própria criança quem age no jogo, esse processo de identificação ainda é mais poderoso - e perigoso.

A criança se reveste de dos poderes "do herói" preferido do jogo e entra, em contato com núcleos do seu Psiquismo (ainda em formação) que têm funcionamento psicótico, por estarem totalmente alheios à realidade.

O resultado disto, os fragmentos dessa "onipotência" na maioria das vezes, se fazem presentes na maneira como determinadas crianças manifestam seus desejos e na sua intolerância à frustração e às exigências da realidade manifestadas pelos pais ou pelas circunstâncias. Em casos mais extremos, têm-se crianças que chegam a agredir - verbal e até fisicamente - os pais. Em muitos casos, essa agressão chega a assustar pela intensidade dos sentimentos aversivos que deixa transparecer. Por fim, importante ressaltar que, logicamente os jogos de games violentos não são os únicos "vilões" no aspecto da formação da personalidade da criança, porém seria difícil não reconhecer que contribuem notavelmente para a intensificação dos comportamentos narcísicos que hoje caracterizam boa parte das crianças/adolescentes.

(Por Gilberto Luiz de Souza - Psicanalista - Professor de Psicanálise)

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